23.3.14

[sunedai] Umas queijadinhas nostálgicas

"Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto,
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto."
- Fernando Pessoa


Photo taken by Helena La Petite (here)
***
Lembram-se de ontem ter falado do quanto ia aproveitar o Sol de Primavera este fim-de-semana e blá blá blá...? Parece que São Pedro decidiu trocar-me as voltas e tornar este Domingo noutro dia murcho e, já agora, chuvoso. A not so sunny Sunday, definitivamente. 
  Posto isto, contentei-me em ver episódios de Breaking Bad, fazer ronha na cama, planear um pouco da semana que se avizinha, fazer mais ronha e experimentar esta receita de queijadinhas de leite da Duxa (cujas receitas nunca me deixam ficar mal!).
E a que propósito fui eu fazer estas maravilhosas queijadas de fazer água na boca? Podia não ter sido por nenhuma razão em especial, mas neste caso foi. A mesma razão que me leva a fazer certos pratos, de vez em quando: a nostalgia que me trazem.
  Desde que me lembro até ao fim do secundário que passava os dias na casa da minha avó materna. Era lá que almoçava, lanchava, passava as tardes e, quando os meus pais saíam mais tarde do trabalho, onde jantava também. 
A minha avó fazia os bifes de frango com o arroz mais delicioso de sempre, o meu preferido, e que o meu pai gosta de dizer que serve para tapar paredes, devido à consistência, para se meter com a minha avó - mas a verdade é que sabe sempre de forma divinal. 
Por vezes fazia caldo verde, coisa que eu na altura não gostava nem um bocadinho e à qual torcia veemente o nariz, mas que agora me sabe pela vida. Engraçado como as coisas mudam - talvez pela mudança de palato, talvez pela distância e pela saudade. 
Como sobremesa, muitas das vezes tinha umas queijadinhas fantásticas feitas por uma vizinha da minha avó, muito amiga dela. Era sempre à porta dela que ia bater quando a minha avó não estava em casa e que me recebia sempre com um sorriso. O mesmo sorriso com que me recebe sempre que vou a Portugal, fazendo sempre questão de me "ir dar um beijinho" e dizer que "estou uma mulher".
  Não é difícil perceber que as queijadas foram um dos sabores que marcaram a minha infância e adolescência e que me trazem recordações de dias muito felizes. Agora, estando longe, uma das minhas maiores alegrias é recriar sabores que me saibam a "casa". Este sem dúvida que soube e, digo-vos, tornou o meu fim-de-semana bem menos triste e chuvoso. 

4 comentários:

  1. Já não sei o que é comer queijadinhas :) Parece-me muito bem, esse domingo!

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    1. Tens que experimentar aquela receita um dia destes, garanto que não te vais arrepender! :D *

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  2. Olá!

    Gosto de queijadinhas... Só que é difícil comer apenas uma :-)
    E já agora... Que venha o sol que tanta falta nos faz...

    Beijinhos***
    joana

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    1. É mesmo muito difícil! Mas pode-se sempre partilhar com outra pessoa :D *

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